Oi, !
Grande dia! =)
Aqui celebramos com mais uma news recheada de vacas profanas vitaminadas e sugestões sobre quem realmente deveria estar atrás de uma jaula!
Será que você conhece todas elas?
Cassimila e Sarah
Vaca Profana
Existem algumas coisas que conhecemos sem saber como chegam até nós. E, do nada, algo acontece e “pá”, conectam os pontinhos. Dois dias atrás eu não sabia quem era Mirian Makeba. Mas, conhecia uma música, lá no fundo da minha cabecinha, cantada pelo Didi Mocó, que fala “Tá com pulga na cueca”...e por aí vai. Essa canção é uma paródia de PATA PATA, sucesso da cantora sul-africana Mirian Makeba. Quem foi Makeba? Além de cantora, de grande sucesso nos anos 1960, foi uma das principais porta-vozes contra o Apartheid em seu país. Tão importante que ganhou o “apelido” de Mama África. Miriam foi criada por sua mãe, casou-se em 1949, e ao se separar de seu primeiro marido, começou a trabalhar como empregada doméstica até se lançar como cantora. Ela participou de grupos musicais antes de lançar carreira solo. Recebeu apoio do cantor Harry Bellafonte. Em 1963, vivendo nos EUA, Miriam era uma voz politicamente importante, embora não pudesse viver mais na África do Sul. Casou-se com o ativista e líder do Movimento Black Power, Stokely Carmichael, em 1968. Por conta do envolvimento do marido com os Panteras Negras, Miriam passou a ter sua carreira ameaçada, com contratos cancelados e convites cada vez mais escassos. Em 1990, depois que Nelson Mandela foi libertado, Makeba pode voltar a seu país natal, onde viveu até 2008 com seus netos e bisnetos. Miriam deixou um legado de mais de 40 discos e, atualmente, uma música em sua homenagem passou a ser viral no Tik Tok (e eu ainda não sei o que dizer sobre isso, mesmo que tenha plena consciência que foi o que tenha me conectado com ela). (SM)
AVINAGROU!
Você já ouviu a palavra do maravilhoso vinagre multiuso? Uma colher de manhã de vinagre de maçã para ajudar a emagrecer, usá-lo no lugar de condicionador para deixar o cabelo brilhante e até mesmo no lugar do amaciante. Há inúmeras receitas com vinagre para deixar nosso dia a dia mais fácil. Particularmente, eu uso com bicarbonato para limpar crostas de comida que grudam na panela, também para algumas manchinhas, tipo de óleo, na roupa, e para lavar frutas e verduras, principalmente uvas e morangos. Até aí, toda a minha experiência com o vinagre, era ótima e aqui em casa nunca falta. Mas, me deparei com a bióloga destruidora de sonhos, Mari Kruger, no Twitter falando que essas propriedades domésticas do vinagre, bem, foram “para o vinagre”. Ou seja, puro conto. Não funciona. O baque que foi saber que é cientificamente comprovado que o vinagre não desinfeta, depois de mais da metade da minha vida morando sozinha e lavando morango com vinagre. E, quanto ao vinagrinho para limpar o queimadinho da panela? Bom, segundo a Mari, quem faz o serviço sujo - ou seria limpo?- é o bicarbonato. Se você duvida de mim e já está balançando a cabeça dizendo que estou viajando, compartilho a Thread da Mari e também um site bem legal que ela indica para testar produtos que podem se misturar e, aí, sim, ser eficientes na limpeza. Spoiler: para vinagreiras como eu, a mistura de álcool com vinagre para limpar vidro tá a salvo! (SM)
Transição para o Veganismo #7 - B12
Rápido a gente aprende que a única vitamina que não conseguimos com uma alimentação vegana é a B12. Tranquilo, basta tomar suplemento. Tem gente que vai torcer o nariz, mas na vida que a gente leva hoje (industrialização de alimentos a mil, saúde ameaçada), suplementos devem ser um pouco mais normalizados (não exagerados).
Você sabia que os animais de criação também suplementam? É bem esse meme indiano que mostra um homem tomando água de coco da boca de outro homem que toma água de coco, enquanto outro toma a água de coco direto sozinho e olha irônico para os dois. Uma leve adaptação para vocês aqui abaixo.
Tem estudos que apontam que cerca de 60% da população pode ser deficiente em B12. Logo, não são só os veganos, né?
Dá pra suplementar com injeção (dói pra caramba, tente não deixar chegar nessa necessidade! rs), com cápsulas, gotinhas e com alimentos fortificados;
É bom analisar seu caso pessoal, porque a B12 desgasta diferente para cada pessoa. Aprendi com aquele nutrólogo famoso que um dos fatores que podem fazer ela acabar mais rápido é o nosso velho amigo: estresse. (CE)
Você está em dia com a sororidade?
Se você assina nossa news é porque está em um caminho de desconstrução sobre veganismo e feminismo (e todos os assuntos que estão ao redor destes temas). Assim, deve saber e praticar sororidade. Anos atrás, eu tive um episódio que me ensinou na prática o que este termo significava. Foi pesado e eu confesso que antes disso não dava tanta atenção assim para discussões sobre feminismo. Mas, já mais madura, a sororidade tem sido um tema bastante sensível para mim. Talvez, usado por aí de maneira leviana, esquecendo que antes de sermos mulheres, somos humanos. O que me encorajou a escrever sobre algo tão sensível e, quem sabe, polêmico aqui, foi o posicionamento da Preta Gil recentemente ao revelar que foi traída pelo ex-esposo, com alguém da sua confiança, dentro da sua casa e enquanto ela faz tratamento contra um câncer agressivo. Ela diz que a construção da sororidade fez que ela deixasse sua intuição de lado. Ela acreditou que, assim como ela, a outra mulher teria sororidade e gratidão por não se envolver com seu marido. (Não, não vamos perder tempo falando de homem que não faz o mínimo). Eu me identifico muito com o que diz Preta Gil nesse posicionamento. Já me peguei pensando o quanto estava sendo anti-feminista em não me posicionar a favor de algumas mulheres. Questionei diversas vezes se eu pratico a sororidade ou se sou adepta da sororidade seletiva. Será que estamos entendendo o que é sororidade? Você não precisa ser amiga de todas as mulheres, não precisa estar de acordo com atitudes de alguém só pelo fato de que a outra pessoa é mulher. Pode e deve deixar de fazer comentários sobre a maneira de vestir, sobre o corpo de outra mulher, deixar de dizer ofensas machistas. Para de reproduzir comportamentos e pensamentos machistas é sororidade! Portanto, não se sinta culpada em ter de defender alguma mulher que agiu de maneira que você considera errada. Apesar disso, você continua sendo feminista. (SM)
King Kong Fran e o mundo do Circo
Semana passada tive a sorte de assistir a estréia do espetáculo da Rafaela Azevedo em São Paulo, no Festival de Circo do Sesc: King Kong Fran. A peça já está em cartaz há meses no Rio de Janeiro, esgotando bilheteria atrás de bilheteria. A personagem tem uma carreira nas redes sociais ativa e divertidíssima e anunciou que em breve vem temporada maior em São Paulo e também em BH.
Nas palavras dela mesma, King Kong Fran é um lugar em que as mulheres se sentem 100% seguras ao mesmo tempo que se vingam do patriarcado dando GARGALHADAS”. Aprende aqui com a Mami no twitter: humor de qualidade não apoia, mas, sim, combate violências instaladas. Além de rir, você aprende muito: o espetáculo é didático para os homens e enriquece nossa experiência crítica e de vingança, mulherada. Não é spoiler, mas preciso contar como o espetáculo tem um olhar para como circo carrega uma tradição de várias violências, contra animais, mulheres… É posição de risco (ex: equilibrista, alvo de facas), de dominação (ex: animais selvagens domesticados e ridicularizados com extrema violências), padrões de estética (ou é a linda perfeita ou a horrorosa para provocar riso) e etc. Você conhece a pesadíssima história da Júlia Pastrana? Ela era mexicana e foi usada e comercializada por um homem por ter muitos pêlos. Sim, ela que deu origem às “Mongas - mulher macaco”. Não tem nada nessa história que seja aceitável (saiba mais aqui). (CE)
Tem que ler
Às vezes ele me convidava para caminhar um pouco pelo zoológico. Tínhamos que seguir calados, porque os animais se tornavam sensíveis de noite. Ele ia com sua lanterna e me levava até onde ficavam os leões, que nos olhavam com seus olhos verdes fosforescentes, suplicando para voltarem para a savana.
Finalmente ela, Camila Sosa Villada, que neste ano foi estrela de dois clubes de leitura que eu participo, no Pássaro Livre com seu livro de contos “Sou uma tola por te querer”, e no Ficcionistas com o “Parque das Irmãs Magníficas”. Foi paixão ao primeiro conto (comecei por eles), na verdade, paixão à primeira vista da capa (que já andava fazendo sucesso), e também paixão à primeira vista e escuta de Camila ao vivo. Estive no auditório da Flip ano passado, encantada com seus gestos, suas falas, rindo e me emocionando com suas histórias. Me marcou muito quando ela falou que fazia ficção científica pobre nos seus livros.
Desde o começo sabia que a Camila vinha pro “Tem que Ler”, mas foi quando li esse trecho do romance que se passa em um zoológico, onde trabalha um dos clientes mais gentis da personagem travesti, que soube o recorte que faria aqui. (CE)
Eu olhava em silêncio a nostalgia dos camelos diante daquele deserto pintado no fundo de sua jaula. Parecia uma zombaria aquela paisagem falsa, eu não compreendia como podiam acreditar nela. e, no entanto, eles a olhavam com uma nostalgia tão sábia que eu acabava emocionada. O vigia às vezes me dizia: “Se fosse por mim, abriria todas as grades e que fosse tudo à merda.” Eu perguntava porque não fazia isso, e ele respondia: “Porque se eu for preso, você não vai me visitar.” E eu me esfregava no corpo dele como uma cadela no cio. Até quando estávamos na frente do pobre camelo.
Adorei esta edição da News ❤️ A Villada é tão linda, né? Obrigada por trazer ela aqui; já tava con saudade. E tô chocada com o vinagre, minha vida doméstica acabou