Oi, !
Ao contrário da aprovação do PL490, que é puro terror e retrocesso, casamento é tema polêmico. Ao longo de séculos sua existência, permissão ou ausência foi e tem sido motivo de sofrimento, opressão, sobrevivência, mas ao mesmo tempo segue como um marco que pode fazer a vida valer a pena, despertar milhões de atenções e parabéns entusiasmados das pessoas.
Ousadamente, escolhemos navegar um pouco nessas águas, sem intenção de esgotar o tema e suas mil possibilidades.
Abraço,
Cassimila e Sarah
Vaca Profana
Ainda que hoje o casamento não seja mais uma passagem obrigatória na vida da mulher, e eu digo o casamento de maneira formal mesmo, é natural querer viver e se relacionar com alguém do nosso lado. Querer amar e ser amada. Com ou sem filhos. O importante é poder compartilhar a vida com mais alguém (ou alguéns) e que seja uma jornada feliz. Existem tantas formas de casar hoje em dia e essa edição da Vaca Profana é também uma homenagem póstuma a três divinas mulheres que morreram recentemente e que viveram a vida a dois de maneiras diferentes: Palmirinha, Glória Maria e Rita Lee (aparecendo por aqui pela segunda vez).
Palmirinha casou-se aos 19 anos, com seu namorado de pouco tempo. Ficou 20 anos casadas, teve 3 filhos e relatava que seu relacionamento era de abusos físicos e psicológicos diários. Só aos 45 anos tomou coragem de se separar e temia que suas filhas tivessem o mesmo destino em relacionamentos que ela. Não quero dizer aqui o quanto ela foi resiliente ou guerreira porque geraria uma romantização da sua vida, que foi por muito tempo, um sofrimento. Palmirinha chegou onde chegou com apoio de outras mulheres, entre elas, Ana Maria Braga.
Glória Maria mantinha sua vida pessoal longe dos holofotes. Pessoalmente, acho isso tão elegante, ainda mais com tanta brecha para exposição. Apenas em 2017 revelou em uma postagem no Instagram que havia se casado há mais de uma década e conseguiu manter esse relacionamento em segredo. Lembro de uma entrevista da Glória Maria que quando sua amiga Ana Maria pergunta se ela estava solteira, a jornalista responde “solteira média”. No caso, seu “namorado” vivia na França, então, ela se considerava “solteira” quando estava longe dele. Adorei!
Quero acreditar que você conhece a história de amor da Rita Lee com o Roberto de Carvalho. Logo depois de sua morte, vi um comentário no Twitter que, logo ela, toda crazy, mantinha um relacionamento estável, feliz e duradouro. Que privilégio teve Rita de poder viver sua história de amor. (SM)
O mês das noivas
É só falar que iríamos fazer um especial sobre “casamento” que meu algoritmo começou a trabalhar e me presenteou com essa super curiosidade sobre maio ser o famoso mês das noivas. (SM)
Casamentos perfeitos - alguns improváveis
Quero deixar aqui minha listinha das melhores combinações de comida veganas. É quase como uma recomendação astral, aquelas que a gente vive vendo por aí sobre signos que combinam para ter uma relação amorosa:
Hummus com Alga (isso aqui é obra da Cassimila e eu juro que posso comer um saquinho inteiro de alga bem durinha. É só passar o hummus na alga e botar para dentro)
Couve de Bruxelas com alho (ferve as couves antes por 3 minutos e refoga com azeite e MUITO alho. Dá para colocar no macarrão)
Banana com pasta de amendoim (para mim, a mais versátil das combinações. Dá para virar sorvete, mousse, bolo)
Rúcula e manga (se você quiser impressionar alguém na salada, esse casamento é imbatível)
Limão com abacate (juro que se você abrir sua cabeça, esses dois cabem em qualquer lugar. No pão, na bolacha de arroz, no meio do arroz, em cima do feijão. Dê uma chance ao abacate com limão da comida. Não, não estou falando da guacamole)
Berinjela e hortelã (a hortelã salva qualquer prato com berinjela. Pode ser um refogada, pode ser salpicada na berinjela assada, pode testar qualquer coisa com essas duas que vai dar certo)
Café com laranja (no calor, um drink de café, água com gás, rodelas de laranja e se quiser, um alecrim para ficar ainda melhor. No frio, coloque uma rodelinha de laranja no coador do café e pronto!) (SM)
Transição para o Veganismo #6 - Casamentos
Se o padrão social é comer animais e derivados, não seria diferente em grandes eventos. A diferença aqui é: não dá pra sugerir um restaurante diferente para o rolê. Então, lidamos com o que temos.
Quanto mais intimidade, mais fácil de combinar com os anfitriões suas opções veganas. Assim, já recebi pratos exclusivos nos casamentos que fui, como uma inesquecível paella no Casamento da Van e do Paul. Já fui em um casamento todo ovo-lacto vegetariano e foi incrível o tanto de variedade vegana de petiscos, de emocionar. Agora confesso que já caí de paraquedas em festa também e para garantir jantei antes e levei uns petiscos na bolsa (castanhas, barrinhas, uma trufa para o momento doces). No aperto, me joguei na batatinha e na massa com molho vermelho.
Hoje eu pensaria em levar uma marmita mais equilibrada mesmo e pediria para esquentar no micro-ondas (a gente vai perdendo a vergonha de ser feliz).
“Nossa, mas não era sofrido ficar sem os doces?” Daí depende do ponto de vista. Meu paladar para doces é bem exigente, então na maioria das vezes eu me decepcionava com bolos e doces de festa (famoso caso do desejo bem melhor que a sua realização). Além disso, quando virei minha chavinha, passei a olhar para os doces de maneira diferente. Não era só um docinho inocente, ali tinha violência e isso eu não quero.
*Se ainda não conheceu o trabalho do O Joio e o Trigo sobre leite condensado chega aqui.
Nesse contexto, mais uma vez é importante cuidar para nossa revolta não mirar em indivíduos. Por isso defendo tanto o pedir, explicar quando querem saber. O sistema capitalista liberal dita o que se come, para além das modas. Escolhe o que dá lucro para poucos, o que vicia, é responsável pelo racismo alimentar e por aí vai. Vamos juntas abrindo espaço para o veganismo entre as pessoas próximas? (CE)
Meu Casamento Vegano
Para minha própria surpresa, lá estava eu planejando casar. Com muito amor e muita conversa, ainda mais com o noivo vegano, estava mais do que decidido: o casamento seria vegano. Optamos por um micro wedding (como chamam casamentos com menos de 40 pessoas hoje em dia) com Sarau, Casório Civil e Festa familiar. Além de todas as emoções, alegrias e apreensões do celebrar, destaco aqui alguns pontos:
Comida: precisava ser mega especial, feita por pessoas incríveis, com ingredientes incríveis e o mínimo de industrializados. Com o nível de gostosura a mil: teve bem casado vegano, teve delícias da Govinda e teve todas as maiores maravilhas da Soul Vegan, que fez uma série especial de vídeos que você pode ver aqui e babar!
Roupa: do jeitinho que eu queria, no conceito Era Costura (feita para servir no meu corpo) e com possibilidade de continuar usando (três peças super versáteis);
Make e cabelo: percebi que não queria ficar sem uma produção especial e decidi aprender um básico elegante com a super Ju do Salão Vegano. No dia fiz eu mesma, na paz. Recomendo super! (CE)
Tem que Ler
Por conta das aulas de escrita maravilhosas da Ana Rüsche me joguei no romance clássico que segue inspirando mil roteiros e histórias: Orgulho e Preconceito. A história é conhecida e tinha ficado na minha cabeça como algo banal, "romântico". Que engano! A Jane Austen apresenta mulheres como seres desejantes, e o amor como uma decisão importante e racional. Não é à toa que ficamos sabendo a renda anual de quase todo personagem.
O grande problema é apresentado logo no começo: em uma família com apenas filhas mulheres, ou elas casam bem ou estão lascadas porque a casa do pai não pode ficar de herança para uma mulher. Casar significava ter a chance de seguir a vida dignamente, logo, o processo de casar é extremamente importante e deve sim ocupar muito do tempo dessas mulheres jovens e solteiras.
A leitura é envolvente e cheia de reviravoltas, dramas, ironias, críticas aos costumes da época. Impossível não torcer pela nossa heroína, Elizabeth, que é toda diferentona para a época e corajosa.
"— Ninguém pode ser considerada verdadeiramente talentosa se não excede os parâmetros encontrados normalmente. Uma mulher deve ter um conhecimento profundo de música, canto, desenho, dança e línguas modernas para merecer essa palavra, e, além de tudo isso, possuir algo em sua apresentação e maneira de andar, no tom de voz, no modo de se dirigir a alguém e de se expressar, ou a palavra não será inteiramente merecida.
— Deve possuir tudo isso — acrescentou Darcy — e a esse conjunto deve somar algo mais substancial, aperfeiçoando sua mente com extensiva leitura.
— Não estou mais surpresa por o senhor conhecer apenas seis mulheres talentosas. Agora me admiro por conhecer alguma."
Elizabeth alfinetando… bom demais! (CE)
Trabalho Doméstico Não Remunerado
Essencial lembrar de pensar sobre como o casamento continua levando tantas e tantas mulheres para o trabalho doméstico não Remunerado. Olha só esse texto incrível da Cris Guterres.
Coisa séria
Comentei com a Sarah que queria falar da importância de se prevenir legalmente nos relacionamentos afetivos. Casar é também pensar na morte, pensar na separação, pensar em se prevenir contra golpes… as encrencas podem ser muitas e se a gente acredita demais no amor e na confiança eterna pode cair feio. Aqui fica a dica da Sarah para seguir a advogada especialista em casos de família, vida real, Miriane Ferreira. (CE)
me senti super nerdona da cozinha agora, pq conheço todas as combinações da lista e assino embaixo (menos banana e pasta de amendoim pq detesto banana desde criança, porém já provei a dupla pra testar e continuei não curtindo).
amei as observações sobre como diferentes mulheres do hall da fama brasileira viveram diferentes casamentos... e eu nem sabia desse da Glória Maria na França. bem, como eu também tenho um relacionamento à distância, entendo um pouco da fala dela.
no mais, parabéns pelo casamento!
sempre bom ler vcs.
Casamento vegano é muito amor mesmo. E linda a referência à Austen, que bom que bateu. Muita felicidade aqui 💛✨