Oi Gata ,
fevereiro voou!
Bora ler tomando um suco de uva vegano, ou seja, sem sofrimento animal e sem trabalho análogo a escravidão? Aqui a dica da Fega. Muito mais gostoso, não é?
Cassimila e Sarah
Vaca Profana
Mudar de pontos de vista é sempre um privilégio. Poder amadurecer e enxergar histórias de uma maneira mais empática e dentro de um diferente contexto que o anterior é evoluir. E , veja bem, me peguei um dia desses falando com meu marido sobre o quanto a história da Pamela Anderson é importante para nossos direitos de privacidade cibernética. Quando eu era adolescente não tinha a dimensão do que é, de fato, a luta das mulheres em vários aspectos. Achava que engravidasse quem quisesse, já julguei mulheres que tiveram seus vídeos vazados e por aí vai. Pamela Anderson, para mim, era uma coelhinha da Playboy sem talento ou relevância. PUTA. Pois ela, sex symbol dos anos 90, tem uma história e tanto, da qual não fazia ideia. A primeira coisa a saber é que para ela posar nua era um trabalho. Muito embora, tenha-a colocado em uma lista de exclusão para conseguir papéis mais sérios na TV ou no cinema. Inclusive, existe uma entrevista de uma jornalista que pergunta para Pamela se ela não tem vontade de ser uma atriz séria. Ela, constrangida, responde que já é uma atriz séria. Não bastasse as tentativas de ser reconhecida, casou-se com Tommy Lee e sua vida ficou ainda mais exposta. O casal fazia muitos vídeos caseiros - de todo tipo - e um desses, em que eles faziam sexo, foi roubado de sua casa durante uma reforma. Naquele momento, ela passava pelo puerpério. Bem, o negócio desandou e sua sex tape rodou o mundo na era pré-internet. Ela foi exposta, não ganhou um tostão com o vídeo e foi humilhada no tribunal (sim, ela levou o caso a juízo), pois consideraram que ela merecia por ter se exposto. Enquanto isso, sofria abusos físicos e psicológicos em casa do então marido. Se separou, conseguiu uma medida restritiva, casou-se outras vezes e virou ativista pelo direito dos animais, por vezes porta-voz do PETA. A lenda ainda é VEGANA. Aos 60 foi a estrela principal do musical CHICAGO na Broadway, algo que nunca tinha feito na vida. A história completa dela tá num documentário muito legal lá na Netflix chamado “Pamela Anderson - Uma história de amor”. (SM)
Transição para o Veganismo #3
Afinal, por que as pessoas podem se incomodar tanto pelo nosso veganismo? Da mesma forma como se incomodam com o feminismo, já reparou? (Alô Política Sexual da Carne!). Quando defendemos nossas posturas que têm importância política, ética, compassiva e ouvimos resistência e piadas esdrúxulas, o que está acontecendo por trás é muitas vezes um jogo de poder (Alô Comunicação Não Violenta!). Já ouvi que vou ficar doente com isso, que não tenho sensibilidade com o pé de alface, que estou errada, que meu prato é ridículo, que vou envelhecer mais rápido e etc. Em alguns raros casos que aconteceram comigo, a pessoa queria me ouvir falar sobre o veganismo de verdade, com o coração. No geral, arrisco dizer que podemos substituir qualquer fala em defesa da nossa opção por um “Qual sua intenção com essa fala?”. A grande dica de hoje é estar atenta a esse jogo e se poupar da fadiga quando for possível. Vejam, a Carol J Adams já cantava essa bola, no geral não há realmente interesse numa análise complexa sobre a questão, ou por saber quais suas motivações.. o que o outro muitas vezes quer é manter o status quo, a ideia de que sua posição está certa/é superior e que pode seguir sua vida fazendo o mesmo prato. Simplesmente não comendo carne, sem falar nada nada, você já comunica que existe uma possibilidade diferente de estar no mundo. Os próprios incomodados interpretam seu prato, sua escolha como ofensivos porque quem sabe lá no fundo eles já sabem que tem violência na vida deles. Tem violência na vida de todos nós. É uma questão grande e social. O ponto aqui não é trazer a culpa para os indivíduos, mas sim nos prepararmos para as violências que vem nesse caminho.
Tanto as feministas quanto os vegetarianos são acusados de negatividade por parecer que propõem a renúncia a algo (as contestáveis vantagens da feminilidade; a carne na travessa) e não a sua própria perspectiva, com a qual estão enfatizando a opção positiva ( aspirar à emancipação e libertação; a opção por legumes e verduras, grãos e frutas). Quem é feminista ou vegetariano torna-se um problema, e os princípios por trás do feminismo e do vegetarianismo são transformados em “ser moralistas”.
Trecho da página 140 do livro Política Sexual da Carne da Carol J Adams - edição da Editora Alaúde. (CE)
“Quem vai cuidar de você?”
Se você tem mais de 27 anos, sem filhos, e nenhum ginecologista tentou te convencer de congelar seus óvulos, você é privilegiada. Aconteceu comigo e com muitas amigas esse constrangimento de quase ter de decidir em apenas uma consulta - mesmo sendo solteira - o destino dos meus óvulos e meu futuro enquanto mulher. Desde muito jovem, a maternidade nunca foi importante ou decisiva para mim. Nem perto de ser um sonho. Sem pressão da família, a vida corre bem, até que pessoas mais distantes perguntam o porquê da minha decisão e “quem é que vai cuidar de mim quando eu ficar velha”. Ao parecer, a escolha de não querer exercer a maternidade é um grande problema para a sociedade , como diz nesta matéria aqui. Existem comunidades inteiras e até mesmo “cursos” para mulheres e casais que não desejam filhos e querem planejar financeiramente seu futuro. Parte da sociedade ainda entende que o movimento “childfree” é formado por pessoas que não gostam de crianças. Parece que só existe essa possibilidade. Alguma vez, num grupo de mulheres no Facebook, fiquei surpresa quando começou uma thread sobre o porquê algumas da comunidade não queriam ter filhos e algumas que já eram mães começaram a dizer que estavam se sentindo culpadas por terem filhos ao ler suas justificativas. Desde então, deixei de fazer comentários públicos sobre o tema em minhas redes sociais por respeito a minhas amigas que são mães. É curioso o quanto uma decisão totalmente individual pode afetar o outro e o quanto nós, mulheres, seguimos o caminho da culpa não importando nossa decisão. (SM)
Livros que eu gostaria de ler de novo pela primeira vez
Vi essa thread no Tik Tok essa semana, mandei para Cassimila e achamos a cara dessa news. Preparamos essa listinha de 3 livros cada, escrito por mulheres, que daríamos quase tudo para poder ler de novo, como se fosse a primeira vez.
Lista da Sarah:
Rita Lee: uma autobiografia, da Rita Lee
Hora da Estrela, da Clarice Lispector
Lista da Cassimila
Por falar em Clarice
Clarice não está na minha lista por um único motivo: a segunda, a terceira leitura do meu livro favorito dela não me deixou nada a desejar à primeira. Recentemente me derreti ouvindo essa entrevista que andava perdida por aí. Clarice, sua língua presa, memórias da infância, risadinhas, é para se maravilhar ainda mais com essa mulher. “Claro que eu gosto de bicho, eu sou bicho.” Imperdível. Saiu nesse link do New Yorker, mas gostei mais de ver nesse vídeo do YouTube. (CE)
Culinária africana sem generalizar
Comprei na pré-venda esse lindo livro de culinária chamado “Vegan Africa”, originalmente publicado em francês, e trago aqui minhas primeiras impressões e reflexões.
A autora, Marie Kacouchia, tem raízes francesas e na Costa do Marfim e toma o lindo cuidado de indicar em cada receita de que país vem a inspiração para o prato;
Ela no começo do livro já se mostra super consciente de nutrição e os pratos são super equilibrados;
As fotos do livro são lindas e a Marie é uma tremenda duma gata cheia de carisma!
Tem algumas receitas bem fáceis de fazer, só quero tempo;
A partir de uma pequena obsessão que tenho pela origem dos vegetais trago aqui alguns dos ingredientes típicos do continente africano que aparecem no livro:
tamarindo: árvore originária da África do Sul
quiabo: provavelmente da região da Etiópia
feijão de corda ou fradinho: vieram para o Brasil de alguma região de África e ficaram muito populares especialmente no nosso nordeste
gengibre: original da Ásia;
cacao, batata e amendoim: originais das Américas.
Não é lindo (às vezes assustador) como o que comemos hoje já passeou pelo mundo e fincou raízes por aí? (CE)
Humor de mulher: Livia La Gatto
Em vez de dar ibope para coach que ameaça atriz de morte por se identificar demais com personagem, vamos exaltar a genialidade da Livia La Gatto? O humor dela muitas vezes aborda temas sensíveis ao feminismo. Como disse minha amiga também atriz, Camila Januário, “valeu por nos fazer rir desses caras”. Aqui alguns vídeos da Lívia indicados pela Camila: Como agredir uma mulher e ser absolvido? e Bora galera, HOMENS. Para ver, rever e curtir. (CE)
Eliane Brum imagina o mundo <3
Recorte lindo lindo de uma palestra da musa promovida pelO Lugar. Tive o prazer de ver ao vivo (online) ano passado e adorei rever esse trecho inspirador. (CE)
agora virei fã da Pamilinha com vcs hehe ❤️ belas indicações nessa edição tb. vou mandar para geral!
Eu adorei o documentário da Pamela, fiquei feliz de rever uma personagem da minha infância com humanidade.
beijos.