Enquanto domingo não chega
Oi, !
Alertando que votar em mulher nem sempre é votar feminista, já chegamos lamentando o caso da Italia aqui.
Bora ativar uma potência feminista-vegana para transformar o que estiver ao nosso alcance? Nem que seja nossa própria canseira, nosso próprio voto… Mundão tá precisando!
Abraço,
Cassimila e Sarah
Vaca Profana
Vendo um documentário sobre gatos na Netflix para alimentar minha alma gateira, achei interessante o paralelo que fazem sobre os bichanos e as mulheres consideradas bruxas nos séculos XVI e XVII. Um resumo da história é que os gatos exterminavam ratos e mulheres que terminavam viúvas ou abandonadas pelo marido, precisavam de um apoio - e companhia - na limpeza da casa e, por isso, acudiam aos felinos. Assim começou a associação da igreja católica contra as mulheres e gatos, que praticamente foram extintos da Europa. Em seguida, o doc ainda diz que um dos fatores da peste negra pode ter sido esse extermínio massivo dos gatíneos. A partir daí, comecei uma busca meio obsessiva para saber quem foi a primeira mulher queimada pela inquisição acusada de bruxaria e não consegui chegar num acordo com os dados da Internet. Mas, achei algo bem interessante e que antes não havia sequer passado pela minha cabeça. Conheci a história da Mima Renard, uma franco-brasileira, queimada viva em uma fogueira em praça pública em São Paulo de 1692. Renard foi acusada de bruxaria. Seu marido foi assassinado por um homem que queria ficar com ela. Sem condições de se manter sozinha passou a se prostituir. Renard foi denunciada por enfeitiçar homens depois que dois de seus clientes - casados -, passaram a brigar por ela e um deles terminou morto. Aqui, nesse vídeo curtinho, tem mais detalhes sobre a Vaca Profana desse mês. (SM)
Mafalda faz 54 anos
No último dia 28 e segue provocativa e atual, não acha? (CE)
O que aconteceu com Kate Middleton?
Me peguei fazendo essa pergunta a mim mesma depois de ver algumas fotos de Kate Middleton durante as homenagens à Elizabeth II. Era uma foto dela e logo atrás, da sua cunhada, Meghan Markle. Não, esse texto não é para falar de fofocas da realeza. Mas para compartilhar mais um desses momentos em que você pensa e logo se corrige. Na foto, meu primeiro pensamento foi achar a tal da Princesa de Gales algo envelhecida. Olhei para ela e pensei nos procedimentos estéticos que deveria realizar. Segundos depois, me dei conta do tanto que este pensamento era errado e parte de um mecanismo que, infelizmente, eu tenho chipado aqui no meu cerebinho. E, sim, tô aqui tentando me desconstruir e normalizando o fato de que celebridades envelhecem, EU envelheço, e que isso é completamente natural. E que ninguém “deveria” fazer nada que não queira e não se sente bem. Desconstruir padrões estéticos é realmente complicado. Talvez eu leve toda a minha vida batendo na minha própria mão, me recriminando por esse tipo de pensamento. (SM)
Mollete: por que não pensamos nisso antes?
Pegue um pão francês (pode tirar o miolo, se quiser), passa um tutu de feijão nele, leva pro forno por uns minutinhos para esquentar e quando tirar, coloca uma colheradinha de vinagrete, umas fatias fininhas de abacate e pronto! Você tem na sua frente uma das receitas de “café da manhã” mexicano mais populares. Como diz minha querida amiga brasileira Roberta, depois de passar uma temporada por aqui: Por que o brasileiro ainda não teve essa ideia? É tão óbvio que essa combinação dá certo. (SM)
Bela Raízes
Simplesmente uma série com 13 episódios de 13 minutos de duração cada. Simplesmente destacando o trabalho de mulheres, e só mulheres! Saberes tradicionais e saúde integral pelo Brasil. É de apaixonar! Está na Amazon Prime, emociona com conversas da Bela Gil com parteiras Kalunga, uma mestre de capoeira, mulheres do MST, etc etc. Affe, tá lindimais! (CE)
Política Sexual da Carne desenhada
Provocada pelo meu amigo Wagner, vejam só o que é a Política sexual da carne: um senhor que num cargo alto do executivo federal chama os aliados para ir pra churrascaria e repete que é imbroxável. Masculinidade na nossa cultura anda junto com diminuir animais e mulheres, seja matando (armas), machucando, comendo (nos dois sentidos), ridicularizando o feminino, se afirmando como superior, sempre. Lançado agora em setembro, Quebrando Mitos - a frágil e catastrófica masculinidade de Bolsonaro é um documentário que investiga a performance política do desgracento desde os primórdios, sob o ponto de vista de um rapaz jovem e gay. É pesado, vale a pena se você tiver com estômago, vale espalhar por aí. (CE)
Tem que Ler
“existir é beber sem estar com sede”
A leitura de Os anos, da Annie Ernaux, fluiu rápida para mim. Mesmo com todo o estranhamento. Em vários momentos fiquei na dúvida se estava gostando ou não. Mas esse para mim foi um desses livros que cresce com a digestão, com o tempo que a gente vai refletindo depois. É um projeto ousadíssimo de uma autobiografia impessoal. A distância que a autora dá (usando a terceira pessoa e uma sucessão de fatos), facilita o acesso histórico amplo, coisa que eu amo. Vamos passeando pela história do consumo, das mercadorias, dos pensamentos, da política, das angústias e medos que acompanham a vida a partir da ótica francesa. Duas grandes amigas minhas leram. Uma não gostou, outra amou. Então, fui tirar a prova e venho aqui compartilhar com vocês que, pra mim, foi complexo e segue ressoando. Fica com um trechinho aqui que me relacionou com o triste outubro de 2018 novamente. (CE)
“Com exceção da temperatura agradável e do sol que fazia naquele domingo de abril, estranhamente não lembraríamos nada do que fizemos naquele dia nem das horas que antecederam o anúncio da apuração, somente uma sensação de espera distraída. Até que aconteceu. O homem que há vinte anos dizia barbaridades antissemitas e racistas, o demagogo de expressão colérica que divertia sua plateia, surgia tranquilamente e aniquilava Jospin. Chega de esquerda, era o recado. A leveza política da vida se esvaía pelas mãos. De quem era a culpa. O que será que tínhamos feito?”