Fã de Elena Ferrante: chegou o seu momento!
Oiê, !
Já é 2022 e a gente experimenta uma confusão temporal pandêmica sem precedentes.
Mas, feganismo segue, uma vez ao mês, temos vacas profaníssimas, muita Itália (pra ler e pra comer) e dicas para suas conversas em ano eleitoral.
Volte sempre e chame as amigas!
Cassimila e Sarah
Vaca profana
O Globo de Ouro foi o primeiro prêmio do ano de MJ Rodriguez. O segundo é nosso troféu de primeira Vaca Profana de 2022. Talvez ela nunca saiba que tenha conquistado este posto, mas posso afirmar que ele é de coração. Se você acaba de chegar da festa da GKay e não sabe quem é essa estrela, eu te conto. MJ Rodriguez interpreta Blanca Rodríguez-Evangelista, na série POSE, da Netflix. A trama retrata os bastidores dos bailes de vogue, populares entre a comunidade LGBTQIA+ nos anos 80. Sua personagem é uma “mãe” que acolhe pessoas que foram expulsas de casa por sua orientação sexual e buscam por oportunidades melhores na vida. Pela sua interpretação grandiosa na série, Rodríguez é a primeira mulher trans a receber o prêmio de melhor atriz de série dramática. MJ relata que desde criança pedia a Deus para “virar mulher” e, aos 14 anos, informou sua família como se sentia. Na faculdade começou sua transição. Numa entrevista, MJ disse que o fato dela existir já é uma forma de ativismo. Seu prêmio abre caminhos para outros atrizes e atores que trilham jornadas parecidas. MJ também aparece no ÓTIMO Tik tik…boom, também na Netflix. (S.M)
Licença-menstruação
Isso existe em alguns países da Ásia, eu queria e já teve até projeto de lei no Brasil. Curiosamente, a autoria foi de um homem e as negativas finais são de mulheres. Vale a leitura da complexidade dessa história aqui. Fico pensando como é muito fácil do alto do meu cargo público (onde os direitos que ainda nos restam são respeitados), com um chefe compreensivo, querer uma licença para uns dias menstruais, compensar depois. Agora imagina em um cenário em que sua vaga é constantemente ameaçada, capitalismo selvagem e misoginia impera? É complexo. (C.E)
Complexificando conversas e narrativas
Falando em complexo, a leitura desse texto aqui é longa mas um desbunde para quem gosta de pensar conversas difíceis e comunicação não-violenta. A Amanda Ripley, apesar de focar em questões da carreira de jornalismo, explora lindamente a complexidade urgente que precisamos colocar em todos os conflitos. Apresentar dados e mais dados não tem ajudado em nada na conexão que queremos ver no mundo. Vale para conversas sobre política nesse ano de eleição, vale para conversas sobre veganismo quando te perguntam das proteínas, vale para muito. Adoro a parte em que ela chama especialistas para analisar a performance da Oprah nesse programa que queria promover o diálogo entre apoiadores e opositores do Trump. Como dizia Rumi, “Para além do certo e errado, existe um campo… me encontrarei com você lá”. (C.E)
Furando a bolha
Desde quando a news começou eu falo para a Cassimila que queria indicar o podcast Não Inviabilize aqui. Acontece que eu sou uma verdadeira obcecada pelo trabalho da Déia Freitas, que praticamente já indiquei para todas as pessoas que eu conheço, incluindo família, amigos, colegas de trabalho e até clientes. Ela, inclusive é resgatista de animais, de quem eu adotei meu gato Don, e é vegana, como deixa claro nesse ep. Por ser tão insistente nessa evangelização, tinha receio de ser um pouco repetitiva na news, já que a ideia é sempre trazer fatos novos e interessantes. Contudo, o que me fez mudar de opinião foi o que aconteceu com a Déia logo nos primeiros dias do mês. Ela, que sempre deixou muito claro que à medida que seu trabalho ganha força, vai utilizar de toda sua visibilidade para gerar oportunidades e empoderar pessoas negras, PCDs e transgêneros. Inclusive, em algum episódio que ela lançou exclusivo para assinantes, disse que seu podcast logo será uma série por um streaming e ela colocou em contrato a obrigatoriedade de conter uma % de pessoas negras em cargos importantes, como produção. Voltando ao começo de janeiro, ela lançou uma vaga procurando ROTEIRISTA para seu programa com a condição que a vaga é para MULHER NEGRA OU INDÍGENA (Cis ou Trans). O job é legal, o salário é ÓTIMO e quando minha amiga Rapha (a mesma que não usa calcinha) me contou que as pessoas estavam reclamando da vaga, fiquei uns minutos sem entender. Até que veio o impacto: as pessoas estavam indignadas porque a oferta é boa demais, porém DISCRIMINATÓRIA. E foi aí que ela passou a receber mensagens de ódio, ameaças de processo e tudo o mais que vem com essa avalanche online de reações quando as pessoas brancas não gostam de algo e se sentem injustiçadas. Então, como membro da seita Não Inviabilize, quero ver se tem mais alguém aqui nessa bolha que ainda não escuta esse podcast e recomendá-lo, mas também compartilhar toda essa ideia de “racismo reverso” que muita gente teima em dizer que existe. Clique aqui para entender TODA A TRETA. (S.M)
Já tentou fazer pizza em casa?
Eu já! Dá certo e eu faço SEMPRE. Atrevo dizer que não lembro a última vez que comi pizza fora de casa. Além da massa, eu também faço o molho, aquele mesmo que a Cassimila compartilhou umas edições atrás com você. Vamos perder esse medo e apostar nessa receita básica e vegana? Aqui em casa, essa receita de 1 kg dá para umas 6 pizzas com massa fininha. Agora que eu peguei as manhas, faço ⅓ da receita e dá para 2 pizzas e um calzone no dia seguinte.
Anota aí os ingredientes:
1 kg de farinha de trigo
50 ml de azeite extravirgem
15g de sal
20g de açúcar
30g de fermento biológico
600 ml de água mineral
Olha que fácil:
Junta todos os ingredientes, com exceção do sal, numa tigela grande e amassa bem. Se você tá fazendo na mão, são uns 15 minutos amassando. Ótimo para descarregar aquela energia e “treinar braço” se você é dessas. Agora, se você tem aquelas super batedeiras que tem aquele gancho pra bater, dá para fazer lá também. Usa o gancho e bata por 5 minutos na velocidade média para alta ou até formar uma bolinha. Quando deu a textura, joga o sal. No muque ou na batedeira, pode amassar um pouco mais até o sal misturar bem, uns dois minutos. Deixe descansar 30 minutos. Separa em quatro partes e deixe descansar até dobrar de tamanho. Para abrir a massa, limpe bem uma bancada, jogue farinha e vá abrindo a bolotinha fazendo um X com o rolo ou uma garrafa de vidro. Vai jogando farinha na massa para ela não grudar na superfície e no rolo. Quando ficar numa espessura que você considera legal para sua pizza, vire as rebarbinhas para ficar do tamanho da sua forma e passe a massa para lá. Faça furinhos com o garfo no meio da pizza para não formar bolhas e recheie com o que você quiser. Coloca no forno pré-aquecido a 200ºC e deixe assar até a borda começar a ficar dourada (uns 20 minutos). Depois conta para gente se deu certo! (S.M)
Tem que ler: Elena Ferrante, rainha do “gás”
Parafraseando minha parceira e amiga, “desde quando essa news começou”, penso em colocar a escritora italiana Elena Ferrante na indicação de leitura do mês. Também parecia meio óbvio, afinal, fala-se até na “febre Ferrante”. Assim eu ia adiando com dicas mais diferentes. Mas chegou sua hora, Elena, aqui na feganismo, nossa pequena febre Ferrante com uma sequência de 3 textos dedicados a ti. EF na verdade é pseudônimo, a esperta é misteriosa e passeia livremente pelo mundo sem ser reconhecida. Agora, o que eu espero mesmo é que seja uma mulher. Que não me venham com um trio de homens por trás do pseudônimo que eu vou ser pura feminista indignada. Enfim, essa autora foi a grande responsável pelo meu gás de leitura. Sim, eu já adorava ler, mas quando peguei A Amiga Genial para ler numas férias sozinha em Caraíva, tudo acelerou (sem perder qualidade e prazer, triplicou, ou quadruplicou minha quantidade de livros lidos por ano). Li os 3 primeiros livros da tetralogia napolitana em 6 dias (de férias), o 4º em menos de 1 mês. E era tão gostoso, tão interessante, tão íntimo. Uma ótima cia de viagem. Por isso venho aqui sem trecho nenhum apenas pra te dizer que, se você quer ler mais na sua rotina, pega o ritmo com a minha rainha do gás literário: Elena Ferrante. Já li além da tetralogia, mais 3 e amei tudo tudinho mesmo.
E o filme?
Sim, tem filme baseado no livro A Filha Perdida na Netflix e dirigido por uma mulher! Viva! Agora o que eu tenho pra te dizer é: não emende as coisas como eu. Não queria perder o prazer do livro, não queria perder a onda do filme. Comecei pelas letras, degustei o livro lindamente, mas acabei fazendo o jogo dos 7 erros no filme. Não recomendo. Faça um ou outro. Faça o outro apenas depois de esquecer bastante dos detalhes do um. (CE)
Agora deixo vocês com minha amiga e parça literária Mali e seu...
Troféu inspiração Ferrante: um recorte afetivo
Ao longo de 2021, participei do projeto #ferranteindica da Aline Aimeé (criadora do canal Chave de Leitura/youtube), com a proposta de ler doze obras (uma por mês) dentre quarenta indicadas pela autora (ao menos supostamente, já que estamos diante do pseudônimo mais bem preservado & comentado da atualidade).
Eu já havia lido outros dois livros que aparecem na seleção, e por critérios absolutamente pessoais-afetivos surgidos enquanto escrevo essas linhas, escolhi oito para recomendar às feganistas:
1) troféu arrebatamento: Léxico Familiar, Natalia Ginzburg (Itália) - recomendo o episódio do podcast da Rádio Companhia sobre esse livro -, e Manual da Faxineira, Lucia Berlin (EUA). Essas duas entraram para o meu panteão de escritoras sagradas;
2) troféu obrigada por ter escrito esse livro, ou é possível e preciso investigar o desejo de ser mãe: Maternidade, Sheila Heti (EUA);
3) troféu quero ser amiga dessa autora (e impossível não é, pois nascida 1983 e vivíssima): Arquivo das crianças perdidas, Valéria Luiselli (México);
4) troféu mereceram o Nobel mesmo: Amada, Toni Morrison (EUA) e Vida Querida, Alice Munro (Canadá);
5) troféu merecia o Nobel, ou me virou do avesso e voltei melhor: A paixão segundo GH, Clarice Lispector (Ucrânia/Brasil), que também está naquele meu panteão;
6) troféu o mundo é grande, bonito e dolorido: O deus das pequenas coisas, Arundhati Roy (India).
Ah! Importante dizer que Manual da faxineira e Vida Querida são livros de contos (sou uma grande fã das narrativas breves), os demais são romances.
Espero que tenham ficado curiosas! Para comentários ou fofocas literárias estou como @malipastina no instagram : )