Spoiler Alert: tomate é cosa nostra!
Oi, !
Na ressaquinha de todo amor que recebemos nos depoimentos de vocês pro nosso aniversário de 1 ano, iniciamos esse novo ciclo com muito gás feminista e vegano.
Vem que aqui tem pelo menos uma surpresa, um cutucão e um carinho para você.
Obrigada sempre pela leitura e apoio.
Cassimila e Sarah
Vaca profana
A escolha da Vaca Profana dessa edição é 100% pessoal. Essa é minha homenagem à Marília Mendonça. Quando ela apareceu, eu já me considerava uma senhora sem muita paciência pra festa. Mas, muito antes disso, entre a adolescência e meus 20 e poucos anos, essa menina do interior de São Paulo curtiu muito show sertanejo com as amigas. E eram nessas saídas que a gente encontrava com os “crushes”, ou melhor dizendo, com os paqueras (afinal, sou millennial). Levava muito fora, botava e levava chifre, tomava muita cerveja para esquecer ou para tomar coragem para ligar ou mandar mensagem e sempre, mas sempre mesmo, apoiada pelas amigas. A Marília colocou em música as conversas que minhas amigas e eu tínhamos enquanto nos arrumávamos para sair. Muito antes de entender o que era sororidade ou feminismo rolavam conselhos para superar o boy ou para ficar de olho porque poderia estar sendo corna ou, ainda, aquela que já ia preparada para ficar bebaça e pegar o primeiro que aparecesse. Naqueles momentos não tinha pudor, não rolava julgamento de que mulher não pode beber e outros “dont’s” que ainda rondam nosso dia a dia. A gente tomava cerveja, virava o copo, dava bafão, se divertia. Deixo aqui o meu carinho a esse mulherão, que me fez ficar boquiaberta quando apareceu na live de chinelo e óculos, na sala de casa, completamente à vontade, sem produção, sem querer parecer o que não era. Só ela, a artista. Cantando as dores de paixões não correspondidas, puxando o “r” e falando um dialeto que eu bem reconheço. Obrigada por tudo, Marília. (S.M)
Pomodoro made in China
O Tomate é fruta e originário das terras de incas, maias e astecas. Seu molho está presente em diversas cozinhas do mundo. Como foi virar quase sinônimo de comida italiana? Chegou na Europa pelas mãos medrosas do colonizador (achavam que era venenoso no começo e usavam como planta ornamental), e dali pra virar ingrediente do molho típico italiano foi um pulo. Gostoso, nutritivo, sucesso entre milhões, mas, tem algumas coisas que você precisa saber:
o maior produtor hoje é a China - nada contra a China em si, tudo contra o tempo (lembra que alimento bom é fresco?) e combustível (alô poluição e aquecimento global!) que as coisas levam pra chegar aqui;
algumas marcas made in Italy importam um “preparado de tomate” da China e envasam na Itália fazendo a gente de trouxa (e olha o tanto de KM rodados, socorro!);
pode ter muita fraude, trabalho escravo e aditivos infinitos envolvidos - é muito triste, cruel e não é nada disso que a gente quer.
O que a gente pode querer é praticidade. Porque estamos aqui vivendo uma bela de uma sociedade do cansaço. Então vale selecionar o que estamos comprando e evitar os industrializados (é minha luta). Para saber mais cola aqui na matéria do fabuloso site “o joio e o trigo” - jornalismo investigativo sobre alimentação - e na receita divina que aprendi com minha amiga e parça Sarah! (C.E)
Negacionista, eu?
Essa matéria da musa Eliane Brum não sai da minha cabeça. Ela levanta como nos habita a certeza de que “o negacionista é sempre o outro”, mas cá estamos, reconhecendo a emergência climática só num plano racional e agindo como se nada. As pessoas que realmente entendem a interconectividade de toda a vida, nossos povos originários, estão aí, sendo exterminados. Nesse caminho vale muito a leitura amorosa e consciente e eu complemento com um lembrete para uma ação simples e poderosa para nós moradores da urbanidade moderna: comer o que a terra dá, sem animais ou derivados. Talvez ,como diz Jonathan Safran Foer, “salvar o planeta começando no café da manhã”. Só isso vai nos salvar como humanidade, Cassimila? Não. Mas sem isso, não vamos nos salvar. (C.E)
Liberdade condicional
Suzane Von Richthofen, aquela que mandou matar os pais, entrou na faculdade de biomedicina. Ela, autorizada pela justiça, pode sair da cadeia do Tremembé onde cumpre pena no regime semi-aberto para cursar a faculdade. E, sem surpresas, é considerada uma celebridade que vale selfie. Mas não é esse o ponto desse texto, ainda que isso seja surreal. Suzane, assim como outras detentas, tem o direito de ser reinserida na sociedade. Aqui, estamos falando de uma menina rica, considerada perigosa e manipuladora. E, sim, pode ser absurdo pensar que pessoas que cometem delitos e cumprem pena possam sair para trabalhar. Contudo, vale lembrar que a maioria das mulheres presas não está na cadeia por parricídio e, sim, por participação em “crimes” considerados menores, como tráfico de drogas. E, boa parte delas, por influência do companheiro, e diferente da Suzane, de classe média baixa e condição financeira muito inferior. Sendo assim, se você acha um pouco absurdo a saída da Suzane para estudar, já parou para pensar na dificuldade dessas mulheres de conseguirem trabalho e de retomar sua vida de maneira digna depois da vida na prisão? Pois é. Sem iniciativas que visem a ressocialização é quase impossível. Claro, eu acredito que cada caso é diferente e algumas, como a Richthofen, pode de fato representar perigo se em sociedade. Queria trazer essa reflexão à newsletter e recomendar o documentário “Tecendo liberdade”, que fala sobre iniciativas de ressocialização em prisões femininas. (S.M)
Pequenas grandes ações possíveis
Assim, para vários temas, quando o problema é grande, e temos vários exemplos no nosso dia a dia de hoje, podemos cair numa angústia que não vê jeito da coisa se resolver e não te deixa agir. É resistência agir dentro do possível, é poderoso para seguirmos em frente e esperançar.
Acabar com a pandemia é muito grande? Socorro, que que eu faço? Se vacina, usa máscara, conscientiza quem tá em volta, estuda as causas e o futuro.
Acabar com o racismo é algo muito grande? Socorro, que que eu faço? Deixa sua dor te mover para ações possíveis, você pode ler o Manual Antirracista da Djamila, seguir a Silvia Silva, aquilombar-se, contratar pessoas pretas, inibir piadas racistas, conversar com seus contatos sobre mais, etc. Não deixe que a dimensão dos problemas te impeça de fazer pequenas ações possíveis. (C.E)
Tem que Ler!
“Meu primeiro passo pra longe do velho homem branco foi as árvore. Depois o ar. Depois os pássaro. Depois as outra pessoa. Mas um dia quando eu tava sentada bem quieta e me sentindo uma criança sem mãe, o queu era mesmo, eu senti: aquele sentimento de ser parte de tudo, de num ser separada de nada. Eu vi que se eu cortasse uma árvore meu braço ia sangrar.”
A cor púrpura de Alice Walker. Perfeição.
Se você nunca viu filme nem nada, melhor ainda. Pega o livro sem ler a orelha, mergulha nesse universo de cartas (tudo é carta <3) e seja pura compaixão. Apenas destaco que forte foi pra mim ler a Alice se declarar autora e médium. Adorei ler essa matéria aqui sobre ela. (C.E)
Você é uma brasileira que deu certo?
Pergunta Abujamra para Elza Soares durante sua participação no programa “Provocações”. (S.M)