Alô, foi daqui que pediram inspiração?
Oi, !
Como estamos, vaquinha imunizada?
Tá batendo aquela esperança de um mundo melhor? Médio, né? Se ao menos o vírus fosse nosso único problema…
Machismo, especismo, política anti vida segue tudo por aí. Então a gente chega aqui ecoando e fortalecendo a luta de todas nós.
Vem cá se inspirar, comer gostoso e chama as migues!
Cassimila e Sarah
Vaca profana
Sylvia Serafim Thibau foi uma escritora que, em 1929, decidiu, em comum acordo com o marido, se divorciar. Naquela época havia ainda mais especulação das causas de uma separação matrimonial e a suspeita era que Sylvia estava envolvida com um médico. Ela soube que a “fofoca” seria publicada no jornal “A Crítica”, do pai do escritor Nelson Rodrigues, e pediu a ele que não o fizesse, pois a razão do divórcio era incompatibilidade de gênios. Nada mais. A matéria foi publicada, o que deixou Sylvia furiosa. Como vingança, ela foi até a redação e deu dois tiros em Roberto Rodrigues, filho do dono do jornal e irmão de Nelson, na época com 16 anos. Ela foi presa em flagrante e o jornal não poupou palavras para desmoralizá-la, chamando-a de “vagabunda”, “sufragista”, “cadela de pernas felpudas”. Sylvia foi a julgamento em 1930 e, para grande surpresa, foi ABSOLVIDA. O argumento da defesa é que Sylvia havia sofrido difamação pelo jornal por conta de um assunto muito íntimo. Como não poderia deixar de ser para uma mulher que, nos anos 20, havia se divorciado, matado um homem e era “acusada” de feminista, o resto de sua vida não foi fácil. Teve um filho com um militar e foi abandonada por ele; foi presa sob acusação de fraude tentando usar documentos falsos para se matricular na universidade e se suicidou aos 33 anos. Tempos depois, Nelson Rodrigues se inspiraria no assassinato do seu irmão e em Sylvia para compor suas histórias. Mais sobre essa personagem, aqui, no podcast Café com Crime. (S.M)
Vacina Vegana
Já falamos por aqui que vegano toma vacina, sim. Se a vacina que temos agora é testada em animais e feita no ovo, vamos lá, que o pacto coletivo é importante para nós. Agora não podemos deixar de lado que veganos também defendem e celebram a nova ciência antiespecista e pesquisas como essa que tá talvez trazendo a primeira vacina vegana contra a Covid! Viva! O mundo pode sim romper com o paradigma de exploração animal. (C.E)
Conexão Acarajé: Falafel
Faz tempo que o aroma de dendê da Bahia me conquistou e a culinária árabe me salva no menu vegano. O acarajé me custou mais tempo porque de pequena tinha alergia a camarão. Mas veja só: os dois são bolinhos de leguminosas fritos (nossa amada grande fonte de proteína vegana). E o acarajé, o bolinho simplesmente, é só feijão fradinho - com um tratamento muito especial para ficar fofinho e leve como o da Cira em Salvador (descanse em paz, Cira <3) - frito no dendê. Peço o da Cira só com salada (fotos da minha última visita lá) e por onde ando vou perguntando se tem camarão no vatapá e no caruru. Vai que consigo um acarajé mais completão. De todos que já provei, não tem igual! Sou time Cira! De falafel tenho várias paixões! Resumo é: sou apaixonada pelos dois: acarajé e falafel. Venho aqui louvar sua possível conexão te recomendando essa história que eu já tinha ouvido falar e confirmei na série "História da Alimentação do Brasil" e também louvar toda a sacralidade, força feminina e origens veganas do acarajé com essa maravilhosa lista de curiosidades. (C.E.)
Coca-Cola contra o Guia da Alimentação Brasileira
Há 4 anos morando no México, a pergunta que eu mais escuto é do que eu sinto falta. A verdade é que a comida brasileira, aquela rotineira, de casa, com feijão bem temperadinho, salada da minha mãe e até mesmo um restaurante de quilo (sim, o self-service) é a razão da minha maior saudade. Eu sinto falta da variedade de frutas e verduras, da couve refogada, do agrião, da rúcula, da mandioca bem cozidinha com alho. Tento ser o mais fiel possível à minha alimentação brasileiríssima e saudável em casa. Na rua, o mais parecido a ela é a comida do restaurante turco que tem até doce de abóbora. Eu me incomodo muito com os hábitos alimentares dos mexicanos: sacos e mais sacos de salgadinhos e Coca-Cola a qualquer horário do dia. Com isso, as pessoas se surpreendem ao saber o que se come no dia a dia do Brasil e ficam pasmas quando digo que as tortillas (que bem podemos chamar de Rap10) não são um costume no meu país de origem. Sendo assim, não me surpreende nada a Coca-Cola considerar o Guia da Alimentação Brasileira, que ressalta a importância para a saúde do consumo de alimentos in-natura e o perigo dos ultraprocessados, um risco para a operação da empresa no Brasil. Posso dizer que senti até um certo orgulho do país por isso, o que tem sido difícil. Se você perdeu esse babado, recomendo muito a leitura da matéria no Intercept. (S.M)
Trançando histórias
No começo de setembro participei de um “workshop” bem diferente. Uma amiga dançarina estava preparando sua volta aos palcos com público e queria refinar sua obra que se chama “Trenza Salada” (Trança Salgada). Ela reuniu mulheres bem diferentes e, por dois finais de semana, nos deu alguns exercícios que tinham a ver com o trançado de cabelo. Eu nunca tinha parado para pensar no assunto e quando questionada sobre "o que a trança” significa para mim foi difícil de responder. Eu comecei a trançar meus cabelos quando pude decidir sozinha que o deixaria crescer. Sempre achei lindo mulheres com tranças, mas minha mãe insistia em cortar meus cabelos “chanel” com franja - o que eu sempre ODIEI. Poder deixar crescer para trança-los tem muito a ver com minha independência em poder assumir meus gostos, quem eu sou e me empoderar com algo que eu considerava ser feminino quando tinha lá pelos meus 11/12 anos. Também não sabia que as tranças têm sua origem - ou pelo menos seus primeiros sinais na história - na Namíbia. Lá e em outros países africanos, entre eles o Egito, mulheres trançavam seus cabelos para diferenciar sua tribo, religião e status. Não à toa, cada uma das meninas no workshop tinha uma história com suas tranças: quem as havia ensinado a trançar seus cabelos, em que ocasiões elas gostam de usar trança (a maioria de nós respondeu que no dia a dia para se sentir livre). Não encontrei nenhuma lenda sobre como esse penteado surgiu, mas deixo aqui uma thread no Twitter sobre o assunto que pode ser interessante. Ah, e minha amiga apresentou o solo dela na semana passada e foi o sucesso. (S.M)
Tem que Ler!
“Eu gostaria que os médicos especialistas que estão me condenando pelo que fiz, o que só provou a habilidade deles, escolhessem uma mulher perfeitamente saudável, a fizessem calar a boca e sentar-se das seis da manhã às oito da noite em bancos sem encosto, não permitindo que ela falasse ou se movesse durante todo esse tempo; que a deixassem sem ler nada e que não ficasse sabendo nada do mundo ou do que acontece e dessem a ela comida ruim e tratamento ríspido; e então vissem em quanto tempo ela ficaria louca. Dois meses seriam suficientes para transformá-la em uma ruína mental e física.”
Considero Dez dias no manicômio de Nellie Bly uma leitura de valor imenso. A então jornalista (uma das primeiras repórteres investigativas) teve a coragem de se fingir de “louca” e se meter num manicômio para denunciar as condições a que as mulheres eram submetidas. É interessante por todos os lados que vejo: pela época (1887), pela linguagem jornalística (com uma pegada meio sensacionalista que não diminui em nada o feito), pelo resultado que trouxe (o governo de Nova Iorque acabou aumentando a verba para o local para melhorar as condições daquelas mulheres) e pelo feminismo de Nelly (que foi importante inclusive para a conquista do direito de voto das mulheres estadunidenses). Inclusive, a escritora conseguiu a vaga de jornalista no jornal depois de mandar uma carta revoltada com o machismo expresso numa matéria chamada “Para que servem as garotas?”. A edição que eu li (Ímã Editorial) tem no final essa carta da Nelly <3 Recomendo muito. (C.E.)
Didá Banda Feminina
Também nessa última visita a Salvador, era pré-carnaval, e tive o prazer de ver ao vivo a Banda Didá, ou Didá Banda Feminina. Se você não conhece, fica com essa força! (C.E.)