Veganismo e feminismo em um só lugar!
Oi, ! Tudo bem?
Provavelmente você conhece a mim, Cassimila Sousa, ou a Sarah Moraes. Somos amigas há muitos anos e se tem algo que essa amizade nos ensinou foi aprender a respeitar as decisões e espaço/tempo uma da outra.
Recentemente, eu, vegana assumida, comecei a ter vontade de conversar com mais pessoas sobre esse estilo de vida e compartilhar alguns dos vários assuntos da pauta feminista que temos em nosso convívio (mesmo longe) diário. Aliás, você sabia que feminismo e veganismo são movimentos que nasceram praticamente juntos? Soubemos disso durante a pesquisa para essa primeira news por meio de uma amiga muito querida da Sarah, a Natália. :)
Essa informação foi a chispa que faltava para ter certeza que estamos no caminho certo! Ah, e mesmo se você não for veggan, tá tudo bem. Afinal, feminismo se trata de respeitar as decisões de cada uma sem julgamentos, mana!
Antes de chegarmos aos conteúdos - e como esse é nosso primeiro email -, sinto que devo dizer o porquê lotamos esse projeto de vacas. Além de sofrerem exploração para prover para boa parte da população leite, carne e couro, elas também podem ser sagradas e putas ao mesmo tempo. Isso te soa familiar? ;)
Esperamos que goste dessa viagem e obrigada por estar aqui.
Um beijo,
Cassimila e Sarah.
Vaca Profana
Existem muitas “vacas profanas” por aí e esse é o lugar para homenageá-las nessa newsletter. Queremos exaltar mulheres que ficaram conhecidas por desafiar padrões em qualquer década, por serem acusadas de bruxas, profanas, putas e todo esse blá blá blá que a sociedade patriarcal usa para designar quando não nos comportamos como uma dama. Quem abre essa seção é a Ângela Diniz, socialite mineira, morta em 1976 pelo seu companheiro Doca Street, na Praia dos Ossos, em Búzios. Nos anos 70, antes de completar 30 anos, Ângela já tinha um “desquite” na conta e alguns amantes conhecidos. Ganhou o “apelido” de Pantera de Minas por ser irresistível e devoradora de homens. No juri do seu assassinato, os advogados de defesa do réu a transformaram em culpada por querer levar uma vida livre. Portanto, segundo seus defensores, Street, ao matá-la, estava defendendo sua honra. Ele pegou uma pena mínima e saiu livre do tribunal. Você pode ouvir a história completa da Ângela Diniz (e tudo o que ela representa hoje) no podcast Praia dos Ossos, da Rádio Novelo. (S.M)
Falando nisso...
Desde 2018 tenho acompanhado o Caso Evandro, podcast do Projeto Humanos, feito pelo Ivan Mizanzuki. A história é uma investigação primorosa sobre a morte do garotinho Evandro Caetano, em 1992. Na época, a história foi explorada como “As Bruxas de Guaratuba”. Durante os mais de 30 episódios, Mizanzuki traz à tona outras perspectivas sobre o acontecimento e, para mim, pelo menos, mostra o quanto foi fácil incriminar 7 pessoas, entre elas duas mulheres (as bruxas), numa narrativa cercada por preconceito religioso. E, foi acompanhando essa temporada do podcast, que passei a escutar outros programas focados em discutir true crime, todos liderados por mulheres. Para mim foi uma abertura de portas. Tem sido esclarecedor conhecer histórias fora da mídia tradicional e por outros pontos de vista e contextos diferentes dos que eu estou inserida. Provavelmente, eu não os consideraria e mudaria de opinião sobre vários temas importantes, como a pena de morte e castração química. Aqui meus favoritos: Modus Operandi, Café com Crime, 1001 Crimes, Café com Crime e Chocolate e Fábrica de Crimes. (S.M)
HORCHATE-SE! Delícia veganas por aí!
Conheci a horchata de chufa quando estive em Valencia, na Espanha. Lembro que me surpreendeu ver como um leite vegetal era tão querido por lá, bebido pelas ruas, gelado e bem doce, ganhando até declarações de amor musicais. A chufa (tigernut) é o ingrediente principal na versão espanhola e também na nigeriana, que se chama kunnu. Já pela América Latina, muito comum no México, a horchata típica é feita de arroz.
Por aqui, deixo com vocês esse belo resumo de leites vegetais feito pela musa @sapavegana com opções fáceis e baratas para você fazer a sua horchata made in Brazil bem geladinha. Além do açúcar, vale a pena adicionar canela e um pouco de raspas da casca do limão.
P.S.: Na última revisão, me lembrei que na música Vaca Profana, do Caetano, ele cita a horchata de chufa, já reparou? Vai lá ouvir a versão na voz da Gal ou do Caetano com a Maria Gadú. Parece trilha sonora encomendada pra Feganismo nº1! (C.S)
Fechando e abrindo ciclos!
Atenção feganistas em idade fértil: a nutricionista @pri_riciardi é especializada em ciclos da mulher e muito generosa no Instagram (vale a pena seguir). Um de seus grandes sucessos é o Ciclo das Sementes, um protocolo natural e bem veganinho criado para ajudar a equilibrar nossos hormônios ao longo do ciclo menstrual. Se você sofre de TPM, cólicas ou qualquer outro problema relacionado, vale muito testar. O ciclo das sementes está bem explicadinho aqui.
É basicamente usar sementes de linhaça e abóbora na primeira fase do ciclo e sementes de gergelim e girassol na segunda metade (depois da ovulação). Uma questão sensível para veganinhas pode ser a linhaça que funciona como fitoestrógeno e se consumida ao longo do mês inteiro pode te desregular. Para mim, o ciclo das sementes já deu resultados no primeiro mês, e olha que eu tinha uma cólica violenta que dava até em vômitos e diarreia. Dá pra entender porque virei uma grande disseminadora da palavra de Pri Riciardi, né? (C.S)
Tem que ler!
“– o que é morrer?
ela estava fritando bife pro almoço.
– o bife
é morrer, porque morrer é não poder mais escolher o que
farão com a sua carne.
quando estamos vivos, muitas vezes também não escolhemos.
mas tentamos.”
Esse trecho do maravilhoso “O peso do Pássaro Morto”, livro de estréia da Aline Bei, é um soco no coração. E a autora segue por esse caminho. O livro é devastador e poético. Importante ao expressar o sofrimento de uma mulher em recortes de sua vida. Por aqui ela já é das nossas escritoras favoritas do milênio. (C.S)
Vida na roça
Conheci a @fabiflorinda há algum tempo, numa postagem de Instagram antiga da Gioconda Collective. Me chama muito a atenção o estilo de vida que ela leva: mudou-se para a roça, construiu com seu marido sua própria casa, planta seus alimentos e faz itens de higiene para corpo e casa para se manter. Todos os meses ela prepara uma quantidade limitada de alguns produtos e envia para quem assina suas caixas por todo o Brasil. Ela também tem curso online de como prepará-los para quem preferir fazer em casa. Este ano ela teve um filho e foi interessante acompanhá-la durante a gravidez, época em que falou bastante sobre a importância de aprender a escutar seu próprio corpo. (S.M)
Lugar de mulher é na cozinha!
Eu adoro cozinhar, mas antes de compartilhar receitas por aqui, pensei em começarmos entendendo melhor como essa invenção da mulher na cozinha aconteceu. Esse texto traz a história desse cômodo, que passou de trabalho de escravizados, fora da casa (séc. XIX), para trabalho de mulher, dentro da casa (pós-industrialização). “Uma cozinha nova, atrativa e ao gosto da mulher era condizente com o plano de atrair de volta ao lar aquelas que, durante a Segunda Guerra, saíram para trabalhar fora de casa (...)” Vale a leitura e a consciência na hora de compartilhar as tarefas domésticas. (C.S)
Cultura do Consentimento
Aparando arestas dos entendimentos, a Sabrina Fernandes do TeseOnze dá aqui uma bela explicação do que é o consentimento, daquelas que a gente gostaria de ter nascido sabendo. Mas como não é o caso, queremos reforçar passando a mensagem adiante. (C.S)