Oi, !
Chegamos à ultima edição do ano e, mais uma vez, só temos a agradecer por você ter se juntado a nós nessa aventura. Que 2024 lhe seja gentil!
Cassimila e Sarah
VACA PROFANA
Laudelina de Campos Melo foi pioneira na luta pelos direitos das trabalhadoras domésticas no Brasil, tendo fundado ainda na década de 1930 a primeira associação da categoria. Sua história de luta e ativismo teve também muita perseguição, obviamente, mas Laudelina seguiu firme levantando também a luta contra o preconceito racial e de gênero. Foi uma das diretoras da Frente Negra Brasileira (FNB), a maior entidade negra do século XX e primeiro partido político negro do país.
Dona Nina não chegou a ver a PEC das Domésticas aprovada em 2013, mas sua memória ainda é muito necessária para a humanidade avançar em direitos e respeito. Se quiser ver e ouvir Laudelina vai no minuto 6´ desse vídeo documentário aqui. (CE)
LUGARZINHOS ESPECIAIS E SUPER ENCONTROS
Adoro encontrar os lugares veganos das cidades que visito. Muitas vezes a sensação é de pertencimento, encontro, um quentinho no coração. Ao planejar visitar Natal, no Rio Grande do Norte, eis que meu marido pergunta: mas será que vamos comer bem por lá? No que eu respondo: é a terra de Sandra Guimarães, com certeza sim! Mas eu não imaginava que abriria a porta do Libre Café em Natal e daria de cara com a Sandra Guimarães. Foi assim, no susto, sem saber o que falar, que soltei uns “muito obrigada”, “que honra te encontrar”, “nossa”. Se não lembra desse nome que já apareceu por aqui, relembre com mais uma dica de vídeo: O que o MST tem a ver com o veganismo? (CE)
MANAS NA RUA
Ali no Libre Café também comi delícias várias, as melhores empadas da vida e conheci o Manas na Rua (o insta delas tá massa!), coletivo vegano de mulheres que desde a pandemia faz ações de distribuição de comida por Natal. Se você tá com uma sobra aí pra doar, que tal doar pras Manas na Rua? (CE)
O MAIOR CAJUEIRO DO MUNDO
Sou apaixonada por caju, fruta originária da nossa terrinha que rende frutos saborosos, sucos, moquecas, carne de caju e castanhas incríveis (salivando forte aqui). Na passagem por Natal não podia deixar de visitar a provavelmente maior árvore frutífera do mundo, ocupando mais de 8500 m². Mas como pode isso, né? Pelo processo de mergulhia ou alporquia, os seus galhos ao tocarem o solo enraízam novamente e continuam crescendo, benzadeusa! - confere nosso vídeo aqui. Entrou no Guinness Book em 1994 e é ponto turístico de quem passa pelo Rio Grande do Norte. Calhou da visita acontecer justo no seu aniversário: Parabéns, Senhora Cajueira!!! 135 anos não é mole não. Compartilho aqui com vocês minha receita de moqueca de caju e mais imagens dessa belezura! (CE)



TODO VINHO É VEGANO?
Não! E aprendi sobre isso com a Cassimila, quando ela veio me visitar no México em 2019. Na ocasião, estávamos fazendo um tour de vinícolas pela região em que moro e em uma delas havia vinho vegano. Acontece que depois que o vinho fermenta, ainda sobram alguns resquícios do processo, alguns galhos e até as cascas da uva e é aí que mora a diferença. Para um vinho poder ser considerado vegano, a filtragem desses resíduos precisa ser realizada com algum elemento de origem não animal, como o carvão. Geralmente, é adicionada clara de ovo, que passa pelo líquido “arrastando” os resíduos até sua filtragem. Neste caso, o vinho não é vegano. Achei ótima essa explicação aqui. A verdade é que o vinho vegano é mais leve no paladar, tem ainda alguns resíduos no fundo, que não afetam em nada o sabor e por serem mais suaves também podem te livrar daquela dorzinha de cabeça chata no dia seguinte. (SM)
MAS, E OS PROPÓSITOS?
Esta semana fui convidada a participar de uma reunião de amigos - do meu marido - muito curiosa e que me fez ficar muito pensativa. Todos os presentes tinham mais de 35 anos e o objetivo do encontro, organizado por homens, era beber, comer salgadinho e bater papo. Dessa vez, convidaram também as parceiras para participarem. Eu reduzi o consumo de álcool em 99%. Portanto, devo tomar alguma bebida alcoólica uma vez por mês. E lá estava eu, vegetariana, álcool free, com a minha garrafa de água na mão e meu pacote de fruta com chile na bolsa. A verdade é que não participar do rolê alcoolizada não afeta EM NADA minha diversão. Mas, o motivo de estar escrevendo sobre isso nesta edição é que o dono da casa, quem chamou os amigos para beberem com ele, queria fazer um anúncio: a partir do dia seguinte, ele passará por um processo de desintoxicação de álcool para reduzir o consumo em 99%. E, com isso, ele pedia encarecidamente aos presentes que dessem a ele espaço para que ele pudesse passar por esse processo. Ele percebeu que o álcool não deixaria ele cumprir alguns objetivos, como terminar um Triatlon. E é aí que entra o motivo de tocar no assunto. Desde 2022 eu treino para, um dia, poder terminar uma prova de Triatlon. E, assim como esse colega, precisei passar por um, digamos, remanejo de hábitos para poder coordenar um propósito com minha vida. Parar de consumir álcool, dormir no mínimo 8 horas por dia, fazer atividades físicas - com diferentes intensidades - todos os dias e me tornar vegetariana. E, sim, alguma parte da vida social fica comprometida. Você percebe que tem amigos que só te chamam para comer e beber ou para rolês um tanto quanto selvagem para um 30+. Algumas dessas amizades ficam pelo caminho, mas tem tanta gente legal também que passa a te acompanhar e até mesmo se inspira em você. No fim, depois de um tempo já mais adaptada, sua agenda volta ao normal, você consegue inserir novamente as pessoas que realmente importam na sua vida e, confia, fica tudo bem! Então, só quero dizer mesmo que faça seus propósitos de ano novo com consciência que tudo é processo e nada é linear. Fora isso, um Feliz 2024 e espero que continue por aqui no ano que entra! (SM)
ISSO PRECISA SAIR DO ARMÁRIO !
Já tem um tempo que acompanho a Lela Brandão, mas só por esses dias vi o TED dela - Uma mulher confortável em si é uma revolução - e isso amplificou meu movimento rumo a um armário mais confortável. Por mais que a gente lute contra o padrão estabelecido de magreza, por mais que a gente estude e milite, o padrão de beleza e a culpa e as artimanhas envolvidas são tão fortes que às vezes ficam ali no cantinho do seu armário prontos pra te mostrar que você não serve. Pois bem, antes do ano acabar já doei algumas peça que não me servem mais (faz um tempo), e sigo na meta de um 2024 de conforto e aceitação do meu (novo) corpo, um corpo feliz. Faz sentido pra você? Tem alguma peça aí no cantinho precisando ser doada? (CE)
TRANSIÇÃO PARA O VEGANISMO #10 - POLÍCIA VEGANA
Infelizmente, os desafios na transição para o veganismo estão não só no entorno, mas também dentro do próprio movimento vegano. Regras, tentativas de controle, racismo, misoginia, tudo faz parte da sociedade e logo, também faz parte dos movimentos sociais, por mais bem intencionados que sejam. Assim, podemos falar da figura, a lenda que nos dá a fama de gente chata: nossa polícia vegana. Monitorando o que você comeu, onde você foi, o que você veste, como você deveria agir, que marcas deveria usar… Assim, tem gente que prefere não se declarar vegana e sim usar outros termos como antiespecista, ou mesmo falar em vida baseada em vegetais, etc.
Não sei como surgiu o termo “polícia vegana”, mas pra mim foi muito marcante ele aparecer no filme Scott Pilgrim - veja aqui. A ideia aqui não é ser contra o aprimoramento e os aprendizados que temos no caminho, mas compreender como isso se dá de maneira violenta mesmo vindo de um profundo desejo de transformar o mundo em um lugar melhor.
Como ouvi da Silvia Federici, filósofa feminista, numa conversa no Sesc Avenida Paulista “que a nossa luta (feminista) nutra as mulheres, seja espaço de afeto e alegria”, desejo que nosso veganismo também seja espaço de afeto e alegria. <3 (CE)
TEM QUE LER
“Sinto muito saber que vou perder todas as festas, pois no fundo sou fascinada por luzes e brilho. Acontece que nas festas não há somente luzes e brilho. Nas festas há doces sofrimentos cortando corações como o meu.”
As mulheres de Tijucopapo, de Marilene Felinto, é um livro potente de 1982 que nos leva, no clima fluxo de consciência, para a vida de Nísia, mulher que migrou para São Paulo de Pernambuco, fala inglês, conquistou diploma, contatos, mas nunca pertenceu. O estilo da Marilene é bem emocionante, intenso e “à flor da pele”. (CE)
Agradeço pelas reflexões. Um maravilhoso 2024 para vocês 🧡