Alô alô, vaquinhas!
Haja coração!
Janeiro foi que foi que foi, altas emoções, mas inteiras com todos os dedinhos seguimos por aqui.
Cassimila e Sarah
Vaca Profana
O uso de cogumelos “mágicos” aqui no México é uma questão cultural, principalmente no estado de Oaxaca, ao sul do país. É considerado por muitos um elemento “curativo” do corpo e da mente e seu uso passou a ser amplamente estudado e divulgado a partir dos anos 1940, quando em 45 um casal de estrangeiros (ele, estadunidense, e ela, russa) veio passar sua lua de mel no estado. Eles se depararam com o uso desses fungos mágicos muito usados pelos povos originários de lá. Depois disso, os cogumelos mágicos se popularizaram, o estado passou a receber cada vez mais visitas de estrangeiros (entre hippies, pesquisadores e também artistas) e, descobriu-se que quem liderava os visitantes por essa viagem era uma curandeira chamada Maria Sabina. Por sua vez, Sabina começou a conhecer a fundo a utilidade dos cogumelos ao ver a irmã muito doente. Seu povo já o consumia, mas ela foi fundo em sua busca por respostas com ajuda dos cogumelos. Ao comê-los recebia visões e respostas de diferentes coisas que queria saber. E foi assim que ela tornou-se curandeira do seu povo. Vale salientar que o xamanismo entre mulheres também nos povos originários mexicanos não é algo comum. Portanto, os aprendizados e ensinamentos feitos por Maria Sabina, uma mulher, à comunidade internacional, é único para sua época. Suas descobertas chegaram a ser publicadas na revista norte-americana “Life”, em 1957. Hoje, o uso da psilocibina, a substância responsável pelo efeito psicodélico que produzem os cogumelos, é reconhecido como potencial remédio para cura de alguns transtornos mentais, como depressão e ansiedade. (SM)
Pesquisa sobre Sexualidade e Saúde Mental: você pode participar!
Um grupo 100% de mulheres, com pessoas LGBTQIA+, incluindo minha querida amiga Laura Bing, está começando um estudo sobre sexualidade e saúde da mente e você pode participar!
CE: Laura, como surgiu a ideia?
LB: A NOZ Inteligencia faz projetos de pesquisas voltados para mercado, mas temos um braço com interesse social e em comportamento humano. A partir dos meus estudos de psicanálise e também de pornografia, e sexualidade de uma forma geral, surgiu a oportunidade de criar esse estudo e fizemos o convite para o Instituto Bem do Estar, que é uma parceria de longa data e que já realizamos projetos de saúde mental de mulheres, de ciclo menstrual e também de isolamento da pandemia. Esse projeto é uma continuidade dessa parceria, mas dessa vez para um público mais aberto e visando a diversidade.
CE: Quem pode participar?
LB: Iremos entrevistar um público bem diversificado, pois o intuito é entender a sexualidade e a saúde da mente numa complexidade humana, ou seja, com participação de mulheres, homens, cis, trans, entre as diversas identificações de gênero, sexualidade, origem social, etnia, etc. Além de também corpos que não correspondem a uma normatividade social, então também entrevistaremos pessoas com deficiência e pessoas gordas. Em linhas gerais, a proposta é costurar essas narrativas humanas e entender onde elas se encontram e desencontram.
CE: Para onde vai caminhar essa pesquisa?
LB: No site você pode conhecer mais sobre o projeto e também participar de uma entrevista rapidinha, demora cerca de 10 minutos e é anônima, para que você possa contar como você estabelece a sua identidade com a sua própria saúde sexual e mental!
Essa é uma parte do estudo, que vai buscar também realizar análise de dados de órgão público e privados sobre sexualidade e saúde mental, entrevistas com profissionais da área de saúde, além de entrevistas mais profundas com pessoas de diversas identidades de gênero, sexualidade, corpos, etc. O objetivo é lançar um e-book gratuito com esse material pesquisado e você pode ajudar respondendo a entrevista aqui.
Transição para o Veganismo #2 - “Eu nunca conseguiria ficar sem queijo” disse todo vegano antes de veganizar
O bendito queijo da pizza, do café da manhã, da massa, do pãozinho de queijo. A sociedade é especista, a alimentação é socialmente aceita assim, o queijo está em toda parte, então se você chegou aqui, curiosa ou determinada, seguem alguns destaques no meu caminho especialmente no quesito queijos:
Fiquei uns 10 anos ovo-lacto-vegetariana (hoje odeio o termo, mas era isso aí) oscilando entre o veganismo por indicação de saúde e a diminuição da violência gigante por trás dos laticínios. Eu achava os veganos ora super coerentes ora radicais, até quando peguei consciência. Nessa época fui tentando real a transição, mas encontrei o empecilho chamado ex. Ele me boicotava real. Foi só acabar com o traste que eu vi Cowspiracy para dar aquele gás na determinação e celebrei: sou VEGANA!!! (ex que eu pejorativamente já chamava de bezerro pelo alto consumo de leite);
Frase-meme que me marcou nessa época de autoria talvez do Mister Lúdico nas minhas palavras: “Parar de comer queijo é como terminar uma relação abusiva, antes parece que é impossível, você tem medo, acha que vai ser puro sofrer, mas quando você termina você pensa que é tão bom tão bom tão bom, você só lamenta não ter feito isso antes”;
Lembrar que queijo vem do leite, leite vem de fêmeas mamíferas como nós, e fêmeas produzem leite quando tem filhotes para criar e crescer rápido de tamanho, é consciência feminista-vegetariana. São milhões de companheiras mamíferas criadas como objetos, encarceradas na lógica capitalista de produção e produção acima de tudo, separadas de seus filhotes para fazer o seu queijinho;
Lembrando que queijo não é proteína e cálcio, é sim gordura, pus, sofrimento e hormônios (essa parte não queremos substituir, ok? ;) , seguem minhas dicas de substituição fugindo dos industrializados que já tão bem espalhados por aí:
no pão: abacate com azeite, limão e sal, só azeite, tomate e azeitonas, homus, tofu mexido (tem receita até no site da Ana Maria Braga), puro tahine (toma-lhe cálcio), etc etc;
na pizza, no pão de beijo e onde você quiser: cremoso de castanha de caju (no começo eu comia de colher de tão tão gostoso);
nas boas pizzarias (leia-se, nas pizzarias que sabem temperar os vegetais): pede a pizza de berinjela ou escarola ou de cogumelos simplesmente sem queijo que fica delícia <3 (tomate e azeitona, amo vocês!);
pão de beijo: existem milhares de receitas por aí com batata doce, inglesa, inhame, mandioquinha, minha favorita até agora foi essa aqui com mandioca;
tofu é soja pura, se você quer usar com propósitos de queijo vai precisar no mínimo de sal e de muito azeite, tipo a perfeição que é essa ricota da Kamili Piccoli que já recomendei aqui.
raladinho: por cima da massa vale provar a castanha do pará ou a amendoa raladinha com sal (já é muito incrível), e se possível mistura também levedura nutricional =)
numa noite especial: se você gosta de petiscar queijos especiais com vinho, recomendo fazer o curso que fiz com a Katrin para aprender a fermentar seus queijos vegetais. Fica de olho nos eventos dela aqui. Abaixo fotos de quando fiz (2018) e tem reels no insta. Saudades!
Quando for marcar rolês, restaurantes, pesquise antes lugares que tenham opções para você (alô Google, alô Happy Cow), socializar pode ficar mais difícil, mas você não precisa passar fome nem esquecer da baita delícia que é não contribuir para o sofrimento dos animais. <3 (CE)
Anotações do apocalipse
Frequentemente, ficamos sem água aqui em Tijuana, México. Apesar de ser uma área com clima de deserto, a temporada de chuva pode durar de novembro até março, com semanas de 7 dias de chuva. Essa, entretanto, não é a principal razão pela qual a cidade passa dias ou semanas sem água. A falta de uma administração pública eficiente, tubulações velhas, crescimento da cidade desordenado e, dizem por aí, que até mesmo a venda de água para os EUA (lembrando que a cidade faz fronteira com San Diego), são algumas das razões da seca. A maioria das casas não tem caixa d´água e esse é nosso caso. Sendo assim, algumas temporadas passamos até 20 dias no mês sem água. Durante todos esses anos, tenho aprendido muito sobre como podemos gerenciar e diminuir muito nosso consumo em casa. Para começar, e você já deve saber isso, a privada é o que mais consome água. Nós mantemos reservas de muitas garrafas de 5 litros e um só galão é usado para baixar um cocôzinho saudável. Enquanto, com menos de 3 litros de água, a gente enche uma bacia, dessas rasas, que normalmente se usa na cozinha para lavar alface. Claro, isso para um banho de canequinha, esquentando a água, ensaboando o corpo e enxaguando de uma vez. Ou seja, com um galão de 5 litros, dois adultos tomam banho. Confortável não é, mas é o que dá para fazer. Depois da descarga, lavar a louça é a atividade que, por essa vivência apocalíptica, que mais gasta água. Para enxaguar uns poucos pratos e talheres, usamos quase todos os 5 litros. Para não gastar todos os garrafões em dois dias, temos algumas estratégias. Aprendemos a captar água da chuva para estes momentos, “plantamos” cântaros de barro na horta para não regar com tanta frequência e toda garrafa que entra em casa - de qualquer coisa ou material-, acaba indo para nosso depósito de água. Contudo, seguimos buscando alternativas que nos ajudem a economizar água no dia a dia e é preocupante nos deparar com os altos custos e também com o grau de experimentação de recursos que possam ser sustentáveis, como é o caso de um vaso sanitário que use o mínimo possível de água ou até mesmo outro tipo de material, como fibra de coco. (SM)
Aveisartilidade
A aveia é aquele alimento que virou sensação das nutris e de quem quer comer mais saudável. Quando criança, tomava batida na vitamina que minha mãe fazia para “sustentar” até a hora do almoço. Já de adulta, adotei também como alternativa à farinha branca, mas longe de mim demonizar esse alimento. Mais recentemente, virei adepta da aveia quente, em versões doce ou salgada. Uma opção vegana, deliciosa e fácil de fazer. Na versão doce, faço o seguinte: encho meia xícara de aveia, esquento meia xícara de leite de amêndoa, coloco a fruta que tiver em casa bem picadinha e uma colher de creme de amendoim. Coloco o leite quente dentro da xícara com a fruta, umas raspas de laranja, canela, espera três minutinhos até a aveia amolecer. Vira um mingau mais consistente, muito saudável (os fit pira) e com pinta de custar caro em qualquer “restauranteria”. Dá para fazer direto num potinho com tampa e deixar de um dia pro outro na geladeira. Fica com uma consistência de iogurte! A versão salgada é bem parecida, mas no lugar do leite, fervo a água com brócolis até ele ficar mais molinho, com consistência para bater no liquidificador e virar um purê. Tempero com sal, pimenta, coloco algumas verdurinhas e pronto. (SM)
Tem que ler
Em Nada digo de ti, que em ti não veja, Eliana Alvez Cruz nos conduz por uma novela de época de altíssimo nível. Novela no sentido de TV mesmo, pois a sensação logo nas primeiras páginas pra mim era essa, mas era além de tudo que já vi. Imagine consultores historiadores antiracistas, elenco cativante, e nada de chatice e pasteurização (taí o excelente). É uma delícia ler Eliana, quero tempo pra ler tudo dela. Então, vim aqui chamar todo mundo para exaltar a Vitória comigo, falar que “traição é vício de sinhô e de sinhá”, sofrer e vibrar com a saga de tantos personagens incríveis.
“-Escute bem, inhozim Filipi. Sou Vitória e qualquer que me chame por outro nome sangra na ponta da minha faca, mas o sinhozinho não esqueça que pros grande da corte, pros Gama, os Muniz e os “filho de algo” da tua gente, com o que a natura deu-me… - Ela fez uma pausa dramática para tirar a pequena faixa que lhe cobria o sexo.
-Sou tão homi quanto tu.”
Mais uma leitura poderosa que veio do encontro do Pássaro Livre Clube de Leitura. (CE)
“Lembrar que queijo vem do leite, leite vem de fêmeas mamíferas como nós, e fêmeas produzem leite quando tem filhotes para criar e crescer rápido de tamanho, é consciência feminista-vegetariana.”
Como mulher (fêmea adulta), isso me pegou.